O OBSERVARE — unidade de investigação em Relações Internacionais da Universidade Autónoma de Lisboa — criou uma linha de investigação designada “História e Diplomacia”, no âmbito da qual se desenvolveu um projecto sobre “A origem do moderno sistema de Estados-Nações”. Trata-se de um tema que certamente merece futuras pesquisas. Todavia, desde já levou à produção de três ensaios que constituem outros tantos capítulos do presente livro.
Como se poderá ver, tais ensaios são heterogéneos no que se refere à problemática e à metodologia utilizada. A sua junção num único volume justifica-se pela linha de unidade que os percorre e que corresponde a um traçado no tempo, assinalando a transição histórica do mundo medieval para os tempos modernos, O início da era moderna manifesta uma evolução onde as realidades do Império e do Estado parecem ter destinos contrários, o declínio de um certo tipo de Império e a emergência gradual daquilo que mais tarde seria designado como Estado-Nação. Daí o título “Do Império ao Estado”, que não deve ser entendido como insinuando uma passagem linear de uma a outra forma de comunidade política.
Tal passagem é habitualmente referenciada a um acontecimento histórico: a assinatura dos Tratados de Vestefália em 164-8. Entre os estudiosos de Relações Internacionais tem existido uma espécie de consenso que faz remontar a esses Tratados o início do moderno sistema de Estados nacionais. Este consenso, porém, é problemático. O aprofundamento dessa questão envolveu dois investigadores do OBSERVARE
— José Subtil e Luís Moita — e um investigador brasileiro da Universidade inglesa de Exeter — Lucas Freire — que entre si estabeleceram um diálogo a esse respeito. Daí resultou o projecto que agora se materializa nesta obra colectiva.
In Prefácio
Fevereiro de 2013
Luís Moita